ENTREVISTA. “Não é fácil ouvir uma pessoa falando em te matar”. Antônio Képes, Promotor de Gramado - ZERO HORA 02/08/2011
Com 13 anos no MP, o promotor Antônio Képes conheceu uma nova realidade: a de sofrer ameaças que o obrigaram a mudar a rotina e andar escoltado. Abaixo, trechos da entrevista:
ZH – Quando o senhor começou a se sentir ameaçado?
Képes – Por muito tempo a defesa tentou desviar o foco (da investigação) para ataques pessoais contra mim. Fizeram abaixo-assinado de repúdio ao meu trabalho. Queriam meu afastamento. Espalharam em jornais locais a notícia de que eu queria concorrer a prefeito.
ZH – Como esses ataques interferiram no seu dia a dia?
Képes – Em certos momentos, os ataques eram tão pesados que me entristeciam, me colocavam contra a comunidade.
ZH – O senhor pensou em se afastar do caso?
Képes – Nunca. As pessoas tinham medo de depor. Diziam que nunca mais estariam empregadas na cidade. O medo pairava. Partimos para uma linha de investigação mais técnica. Temos contratos de empresas, análises contábeis, de patrimônio, áudios.
ZH – Como surgiram as ameaças contra o senhor?
Képes – Havia ameaças veladas, me avisavam: te cuida, que esse pessoal vai aprontar. Sofri muita represália. Quando o trabalho começou a aparecer, começaram as ameaças mais sérias, tivemos demonstração disso nos áudios.
ZH – Como o senhor se sentiu ao ouvir as gravações?
Képes – Não é fácil ouvir uma pessoa falando em te matar. Fiquei receoso, mas não pensei em sair do caso. Vou até o fim.
ZH – Foi a primeira vez que o senhor sofreu ameaças?
Képes – Já tive ameaças de réus em processos de homicídios. Mas é a primeira vez que pego investigação desse porte, envolvendo cifras milionárias e pessoas com grande poder.
ZH – Qual o custo pessoal para realizar um trabalho assim?
Képes – O promotor fica sujeito a mudar rotina, tomar cuidados, andar com escolta, restringe a tua liberdade e da tua família. Há custo pessoal grande. Mas vale a pena. É onde a gente vê que vale a pena ser promotor.
O Brasil precisa de um Ministério Público fiscal, probo, desburocratizado e inserido num Sistema de Justiça Criminal ágil, integrado e coativo, próximo das questões de ordem pública e envolvido dentro das corregedorias na defesa e execução das leis e na consolidação da supremacia do interesse público, contra a corrupção, imoralidades, improbidades, criminalidade e violência que afrontam a confiança nos Poderes, o erário, a vida, a educação, a saúde, o patrimônio e o bem-estar do povo brasileiro.
terça-feira, 2 de agosto de 2011
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