Adriana Irion
Ministério Público deve ouvir 50 pessoas sobre morte de estudante em festa. Reaberto pela justiça na semana passada a pedido da promotoria, caso ocorrido em abril de 2013 havia sido encerrado como acidente
Em busca de novos elementos sobre a morte de Eduardo Vinicíus Fösch dos Santos, 17 anos, o Ministério Público deve tomar o depoimento de 50 pessoas e pedir um croqui do local em que o estudante foi encontrado agonizando após uma festa. Em 10 meses de investigações, a Polícia Civil reuniu o depoimento de 17 pessoas – havia em torno de 150 no local – e não pediu perícias. Concluiu a investigação como se Eduardo tivesse sofrido uma queda acidental.
Na semana passada, a Justiça autorizou a reabertura do caso por solicitação da promotora Dirce Soler, da Vara do Júri da Capital. O juiz Felipe Keunecke de Oliveira determinou a retomada da investigação por entender que se tratou de um crime. O caso ocorreu em uma festa na Capital, em uma casa no condomínio Jardim do Sol, em 27 de abril de 2013. Eduardo foi achado no pátio de uma residência vizinha na manhã seguinte, sangrando e inconsciente. Ficou oito dias hospitalizado, mas não resistiu.
Prevaleceu na investigação a tese de que ele teria despencado de um muro de cerca de seis metros de altura. Inconformada, a família contratou advogados e um perito particular para tentar demonstrar que o garoto fora agredido. Agora, o MP fará apurações que teriam faltado na investigação. Fotos feitas pela moradora da casa em que Eduardo foi encontrado indicam que a posição em que o adolescente estava não seria compatível com queda do muro. São detalhes como esse que a promotora quer checar.
ENTREVISTA
“A família não aguenta esperar”
DIRCE SOLER, Promotora
A promotora Dirce Soler está convencida de que houve crime e quis reabrir a apuração sobre a morte de Eduardo Vinícius Fösch dos Santos. Prestes a ser promovida a procuradora de Justiça, ela diz que irá encaminhar ao substituto os pedidos que julga necessários para esclarecer o caso.
A senhora avalia que houve crime no caso?
Acredito que houve um crime, mas a dificuldade é descobrir a autoria, pois já se passou um ano. Vamos partir do zero.
Qual o motivo para não pedir investigação para a polícia?
O motivo principal é a celeridade. Se requisitar para a polícia ouvir três, quatro, cinco pessoas, vai demorar três anos para a polícia nos responder. Essa é a média de tempo que a polícia demora para responder nossas requisições. Não temos três anos para esperar. Essa família também não aguenta mais esperar. Já se foi um ano sem a polícia entender que aquilo ali se tratava de um crime. Há muitas pessoas para ouvir.
Dos três seguranças contratados para a festa, dois trabalhavam como motoristas no MP à época (eram terceirizados). Esses dois contaram ter visto Eduardo na festa, um terceiro não. Eles serão chamados?
Os seguranças serão reinquiridos. Também havia os seguranças do condomínio. Os que estavam trabalhando naquela noite (os do condomínio) serão chamados (no inquérito a polícia tomou o depoimento de apenas um segurança do condomínio).
Que perícias a senhora pretende pedir?
Um croqui detalhado para o Instituto de Criminalística, com medições. Até agora, ninguém mediu o muro (de onde Eduardo teria caído).
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